As crianças precisam ver você lutar com a madeira, ver você falhar com a massa, ver você xingar a coisa torta e depois consertá-la e então mostrar a eles a coisa consertada e dizer: Eu fiz isso. Não é bom. Mas eu fiz. E vou fazer outro amanhã. Esta é a herança que vale a pena deixar. Não dinheiro. A memória de mãos que se recusaram a ser inúteis. Mãos que insistiram em mudar a forma da matéria. Mãos que tocaram o mundo e deixaram marcas que diziam: Eu estive aqui, eu existi, eu não fui apenas uma testemunha, eu não fui apenas uma passagem, eu fui uma fonte, um criador, uma palavra que se tornou carne, e mesmo que tudo que eu fiz fosse feio, era meu, era prova, era a resposta à única pergunta que importa: o que você fez com seu tempo na terra? E a resposta não pode ser: Eu assisti. A resposta não pode ser: Eu consumi. A resposta deve ser: Eu fiz, eu falhei, eu fiz de novo, eu deixei impressões digitais em tudo que toquei, eu me recusei a passar por este mundo sem perturbá-lo, eu construí e queimei e construí de novo, e quando eu morri minhas mãos estavam calejadas e manchadas e cansadas e cheias, tão cheias, da memória de tudo que moldaram em ser.